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Edição 3
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Jornal Beracá-News


GRUPO DE ORAÇÃO EL-SHADDAY

 

PARÓQUIA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

 

ANO I – EDIÇÃO Nº 3

SETEMBRO DE 2011

 

CARISMAS DO ESPÍRITO SANTO

 

A GRAÇA DA RCC

 

Em 1967, um grupo de jovens estudantes da Universidade de Duquesne, nos Estados Unidos, dedicou-se a rezar e a meditar os Atos dos apóstolos, chamando a efusão do Espírito Santo, pois lá tiveram uma forte experiência com a Graça divina, que tal acontecimento tornou-se conhecido como o marco inicial da Renovação Carismática na Igreja Católica. Desde então, estamos vivendo um dos grandes momentos da história da Igreja Católica contemporânea.

A RCC é uma imensa graça, nascida da Igreja, vivendo na Igreja e para a Igreja. Beneficiando todos os seus membros e instituições: é para todos os fiéis, paróquias, dioceses, comunidades religiosas, centros de vida cristã e variadas obras de apostolado. É uma graça eclesial de extensão universal. “O surgimento da RCC depois do Concílio Vaticano II foi um dom especial do Espírito Santo à Igreja” (Papa João Paulo II ao Iccro mar/92). “A Igreja nasceu sob o impulso de Pentecostes e a RCC traz a própria experiência de Pentecostes para os tempos atuais. A RCC é o Pentecostes hoje” (Pe. Salvador Camillo Eccla - Rio).

O Pentecostes foi o batismo no Espírito Santo para os apóstolos reunidos no cenáculo com Maria Santíssima (At 2, 1-4). O mesmo batismo no Espírito Santo de Pentecostes renovou-se nos primeiros cristãos (At 2, 37-38; At 4, 31; At 8, 14-21...), nos profetas itinerantes da Igreja primitiva, nas ordens mendicantes na Idade média, na vida dos grandes santos e mártires da Igreja. É esta experiência viva que operou mudanças nos corações dos discípulos, que a RCC quer trazer ao cristão de hoje. A RCC quer continuar a tradição católica que chama todos os homens à conversão e à renovação.


SER BATIZADO NO ESPÍRITO SIGNIFICA:

 

                Experiência espiritual pela qual o Espírito Santo, recebido no batismo (sacramento), emerge como realidade na consciência do cristão. E opera na alma do cristão uma conversão interior e uma profunda mudança de vida naqueles que se abre a esta experiência.

O batismo no Espírito não é um sacramento, mas põe em atividade as Graças recebidas nos sacramentos. A sintonia entre a Graça de Deus e a resposta do homem é que faz o efeito do sacramento. Através do Batismo do Espírito Santo, a Graça dos sacramentos (batismo, crisma e eucaristia) pode ser vivenciada em plenitude. É um princípio de vida que se manifesta em frutos de santidade e em carismas para edificar a Igreja. É a própria graça de Pentecostes que se manifesta com os dons de santificação e com os dons carismáticos para o bem comum (ver I Cor 12, 4-11).

 

A ESTRUTURA DA RCC

 

A RCC evangeliza a partir do batismo no Espírito Santo, realizando seminário de vida no Espírito Santo, experiências de oração, retiros, aprofundamentos e cursos de formação de líderes. Como realidade comunitária, recebe do Espírito Santo dons carismáticos que a caracterizam e contribuem para a renovação pastoral. Cada pessoa tem seus próprios carismas segundo a graça que lhe foi dada (Rm 12, 6; I Cor 7, 7). Portanto a RCC cumpre sua missão, quando, na pastoral de conjunto, põe a serviço da comunidade os dons carismáticos recebidos e contribuídos para a edificação do corpo místico de Cristo, na Igreja diocesana com ou paroquial. A RCC no Brasil tem uma estrutura simples, onde o grupo de oração é a base e a equipe diocesana a principal responsabilidade.

Toda estrutura da RCC está baseada no serviço e não na autoridade. A única estrutura de autoridade existente na Igreja é a estrutura hierárquica do ministério da Igreja, que deve ser obedecida.

As equipes diocesanas assistem os grupos de oração e devem ser autorizados pelo bispo diocesanos, que é a autoridade na Igreja, sendo eles a única autoridade reconhecida da RCC. A autoridade vem do servir, porque é uma estrutura de organização para serviço.

 

OS CARISMAS DO ESPÍRITO

 

Os Carismas do Espírito, concedidos a todos por ocasião do Batismo e intensificados na crisma, também são chamados o Espírito Santo nos capacita com estes dons para servirmos à Igreja de Cristo, através dos irmãos. Os carismas são, portanto dons de poder para o serviço da comunidade cristã.

Algumas condições para recebermos e perseverarmos na vida carismática:

- Simplicidade e pureza de coração

- Assiduidade da meditação da Palavra de Deus

- Vida de oração

- Desejo de servir aos irmãos como Jesus (Lc 22, 27)

- Perseverança à recepção dos dons espirituais (sempre abertos para sermos canais à ação e poder do Espírito em nós).

Nossa colaboração é essencial. Deus não nos quer robôs agindo independentemente de colaboração ou de forma mecânica. Ele respeita a nossa liberdade e consentimento. Se cremos, dizemos sim ao que o Senhor quer realizar em nós. Maria Santíssima é o modelo da total abertura: “Faça-se em mim, segundo a Tua palavra” (Lc 1, 38).

 

DOM DE LÍNGUAS

 

O dom de línguas é um dom de oração (pessoal e comunitário), que se seguir imediatamente ao derramamento do Espírito Santo em Pentecostes (At 2, 1-4). Foi a primeira manifestação do Espírito santo: “Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhe concedia que falassem”. “Estando Pedro ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a (santa) palavra. Os fiéis da circuncisão..., profundamente se admiravam, vendo que o dom do Espírito Santo era derramado também sobre os pagãos, pois eles os ouviram falar em outras línguas e a glorificar a Deus” (At 10, 6s).

“E quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles e falavam em línguas estranhas e profetizavam” (At 19, 6s). Nas passagens acima observamos que o dom de línguas foi a primeira manifestação da efusão do Espírito Santo não só sobre os apóstolos e Maria, como também para todos aqueles que desejam viver uma vida em comunhão com Deus.

O dom de línguas é entendido e experimentado por aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito. Através do dom de línguas “palavras incompreensíveis que não são minhas, palavras escolhidas e formuladas pelo Espírito Santo, dão a Jesus o louvor que Ele merece, e do qual eu mesmo sou incapaz” (I Cor 14, 9). Temos dificuldades em aceitar tudo o que não provém da razão. Mas na medida em que cedemos ao dom, e abrimos o coração e a mente, as dificuldades vão desaparecendo.

No entanto, ao orarmos com esses sons ininteligíveis não deixamos de estar conscientes. Sabemos perfeitamente o que estamos fazendo, pois oramos com a nossa língua e com a nossa vontade, por isso somos livres para começar e terminar quando queremos. Oramos naturalmente, da mesma forma que fazemos nossas orações mentais e vocais. A única diferença é que quem realiza todo o trabalho é o Espírito Santo, o autor responsável por tomar nossa oração agradável a Deus, atingindo e penetrando o seu coração.

 

O ESPÍRITO SANTO SOCORRE A NOSSA DEBILIDADE DE ORAR

 

Ao começarmos a orar, não sabemos como devemos pedir ou dizer a Deus. Nossa cabeça está tão cheia de preocupações, idéias, afazeres e nosso coração está tão agitado que ficamos “sem assunto diante de Deus”, ou nosso espírito está indisposto diante de Deus, não consegue se entregar inteiramente e então a oração é ineficaz.

O Espírito Santo vem em nosso auxílio à nossa fraqueza e intercede por nós com gemidos inefáveis. O próprio Espírito Santo que habita em nós, ora em nós e nos auxilia para orarmos e pedirmos o que necessitamos segundo a vontade de Deus. Através do dom de línguas, o próprio Deus ora em nós e por nós. É um dom que edifica o homem interiormente. O Espírito refaz o ser de quem ora, ele não se limita a nos ensinar a orar, mas Ele próprio ora em nós, Ele não se limita a nos dizer o que devemos fazer, mas fá-lo conosco.

O Espírito não promulga uma lei de oração, mas confere uma graça de oração. O dom de línguas nos leva a descansar nas mãos da divina providência. Torna o homem interior livre, suas palavras coincidem com o que se passa no mais íntimo do seu coração, ele está inteiramente em Deus e ambos se compreendem e se unem.

São Paulo nos revela que “aquele que ora em línguas não fala aos homens, e sim a Deus: ninguém o entende, pois fala coisas misteriosas, sob ação do Espírito Santo” (I Cor 14, 2). Sendo um dom de oração, é um canal aberto para um relacionamento pessoal afetivo com Deus, acontece uma união mais estreita com o Espírito Santo. Abre-se o diálogo do homem com seu criador. Através desta união tão íntima entre filhos e o Pai celeste é manifestada na alma dos filhos um progresso espiritual, um avanço no caminho da santidade.

 

DOM DE FALAR EM LÍNGUAS:

 

“Falar em línguas” - significa proclamar uma mensagem de Deus, numa linguagem desconhecida, em nome de Deus para uma assembléia através de línguas estranhas. É semelhante e equivalente à profecia. Todavia é uma fala em voz alta, isoladamente, e sob a unção do Espírito Santo. Quando se “fala em línguas”, um membro do grupo recebe o dom de interpretação de línguas, e comunica a mensagem à assembléia. “Falar em línguas” é um dom transitório, não permanente.


DOM DE INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS:

 

Manifesta-se na assembléia reunida em oração e louvor a Deus. É um dom do Espírito à sua Igreja. Não é um dom de tradução, como se alguém traduzisse uma língua convencional. Trata-se de um impulso, de uma unção espiritual para tornar compreensível aos membros da comunidade, a mensagem do Senhor que lhe chega em línguas.

O dom de interpretação das línguas é uma ação de Deus pela qual a pessoa proclama a mensagem de Deus. É semelhante e equivalente à profecia. Vem sempre depois do dom de falar em línguas, que é uma mensagem em línguas. Devemos pedir este dom de forma freqüente na oração pessoal e comunitária, por ser um dom do Espírito, devemos tê-lo também em abundância, para a edificação da Igreja (I Cor 14,2).

O intérprete, após a mensagem proclamada em línguas, sente-se movido a exprimir em palavras normais, convencionais, inteligíveis por todos, uma mensagem que lhe vem do Senhor, mas endereçada a todos, para a edificação da comunidade reunida. A interpretação em línguas deve ser concisa, interpretando com clareza a mensagem do Senhor. Quem tem o dom da interpretação percebe com clareza, que as palavras lhe vêm a mente de forma abundante, e deve dizer o que o Senhor lhe inspira. Quanto mais se habitua, mais facilmente identifica o modo de como o Senhor lhe “dita” as palavras. Ele deve falar sempre na 1ª pessoa, como se falasse o próprio Senhor. Jesus não quer que simplesmente se narre a sua mensagem, mas que pronuncie a mensagem em seu próprio nome empregando-se a 1ª pessoa.

 

DOM DE CIÊNCIAS: (ou palavra de ciência, ou palavra de conhecimento)

 

O dom de ciência é um dom através do qual o Senhor faz que o homem entenda as coisas da maneira como Ele as entende. Faz que o homem penetre na raiz de cada acontecimento, fato, sentimento ou situação, ou melhor, através do dom de ciências, Deus dá o diagnóstico, a causa de um problema, doença, fato, situação...,etc. Quando estamos com febre, nos dirigimos a um médico para descobrir a causa da febre. Porque a febre não é a doença, mas um sintoma da doença.

Quando alguém está deprimido, queremos resolver o problema da depressão, aliviando os seus sintomas, porém não conseguimos detectar a causa da depressão. Através do dom de ciências, o Senhor nos revela a causa da depressão, sua raiz, com o objetivo de curar. O Espírito Santo, através deste dom, presta um serviço ao povo de Deus através de nós.Pelo dom de ciência, Deus ensina ao homem sobre as suas verdades, permite que a sua luz penetre no entendimento do homem. Deus comunica ao homem informações que são impossíveis de se adquirir humanamente ou por conhecimento natural, pela razão.

É um dom de revelação. Revela uma ação que Deus já está fazendo (a cura), ou uma situação ou mentalidade que precisa ser transformada por Deus, sempre com a finalidade de transformação e conversão através do poder e da misericórdia de Deus que cura o corpo e o coração.

 

Alguns exemplos de “palavra de ciência” no N.T.


- Lc 1,39-45 - Maria comunica o Espírito Santo a Isabel, como sinal do que iria acontecer em Pentecostes sobre toda a Igreja.
- Lc 1,43 - Isabel recebe o conhecimento de um mistério que, humanamente, ela jamais seria capaz de compreender, a encarnação de Jesus.

Aqui a palavra de ci6encia veio acompanhada de um sinal físico: o menino... (Lc 1,44).

- Mt 1,18-25 - vem também através de um sonho, como no caso de José. O Espírito Santo revela a José, em sonho, o mistério da encarnação. José recebe o dom de ciência (a revelação) e através dele vê acontecer, em si próprio, mudança radical de mentalidade e do conhecimento de Deus.

- Jo 4,16-19 - Jesus fala à samaritana sobre os 5 maridos que tivera. Esta palavra de ciência fez a mulher perceber que Jesus era um profeta, abrindo a porta do seu coração para a revelação que ele era o Messias. A samaritana experimentou a misericórdia de Deus aplicada ao pecado de adultério, pois Jesus não a acusou, mas revelou o que sabia. A palavra de ciência teve o poder de levá-la a arrepender-se, ser perdoada e reconhecer que Jesus o Messias, tendo acesso à “água viva” por ele prometida.

- At 5,1-11 - O Espírito Santo, através da palavra de ciência, revela a intenção secreta do coração de Ananias e Safira.
- Mc 5, 25-34 - A cura da hemorroíssa. Jesus usa a palavra de ciência como confirmação da cura pelo poder do Espírito Santo e pela fé.

- Lc 5, 17-26 - A cura do paralítico. Quando Jesus diz: “os teus pecados estão perdoados”, ele sabe por revelação que a necessidade maior do paralítico é ser perdoado de seus pecados que, são a causa de muitos males físicos e espirituais. Para o paralítico era empecilho para a ação de Deus em sua vida.

- Jo 4, 50 - A cura do filho de um oficial: “Vai, disse-lhe Jesus, o teu filho está bem!”.

 

A pessoa que recebe o dom de ciência pode perceber que o Senhor a está tocando através de um sentimento forte, uma certeza interior que nos chega à mente, pode ser: uma palavra, uma cena da vida da pessoa, uma visualização; o Senhor nos mostra o que está curando: uma parte do corpo, um problema emocional, uma cura espiritual, ou aumentando a fé, chamando à conversão... Isso acontece após uma oração em línguas, quando nossa mente está aberta e livre para receber a revelação do Senhor. Geralmente, este dom é acompanhado pela palavra de sabedoria.

 

O DOM DA PROFECIA:

 

Neste dom, Deus fala claramente e de forma simples, mas direta com o homem para edificá-lo, exortá-lo e consolá-lo (I Cor 14,3). Diante da palavra de Deus, da voz divina, devemos nos colocar em atitude de respeito e de obediência. A profecia acontece depois de um louvor a Deus, em línguas, em cânticos ou em palavras, quando a comunidade se reúne em oração, ou quando um cristão se recolhe na sua oração pessoal. Após este louvor, segue-se um silêncio de escuta a Deus e recebimento da unção, que pode vir através de um senso da presença de Deus, um impulso, um movimento no íntimo do nosso espírito, um formigamento nos dedos, um calor pelo corpo todo, um batimento cardíaco mais forte, ou da forma que o Senhor achar melhor ungir, é então proclamada a mensagem de Deus.

Geralmente, as profecias, são ditas na 1ª ou na 2ª pessoa, pois o Senhor é um Deus pessoal e nos falará diretamente: “Não temas”, “Tu és o meu povo...”, “Meus filhos...”, “Eu sou o Teu Deus...”. Esta mensagem divina é ouvida e guardada em nossos corações.

Depois que a mensagem é proclamada, todos devem estar em atitude de escuta para que o Senhor confirme a profecia (I Cor 14,29), através de moções dadas a outros membros da comunidade. Deus pode se utilizar da própria PALAVRA, de visões, sentimentos ou palavras para confirmar a veracidade da profecia. Esta tem de estar de acordo com a palavra de Deus, com a doutrina da Igreja e dirigidos à glória de Deus e à salvação dos homens.

Aqueles que recebem a confirmação da profecia proclamada, deve se manifestar no meio da assembléia. Quanto mais uma profecia é confirmada, maior é a fé que depositamos nela e maior é a abertura que será dada para a ação do Espírito Santo naquela comunidade.

O Dom da Profecia edifica a assembléia (I Cor. 14,4). Ninguém profetiza sem o consentimento da vontade, que acolhe as palavras de Deus em sua mente; se as pronunciamos por medo, insegurança ou respeito humano, podemos deixar de profetizar. Deus não violenta, não força a mente humana contra nossa vontade, nosso consentimento; serve-se sim, da mente humana e suas faculdades, pedindo apenas que nos deixemos usar por ele: “o espírito dos profetas deve estar-lhes submisso”(I Cor 14,32), contudo deve dar-se com “ dignidade” e ordem (v. 40) e com um critério de julgamento sobre a mesma, pelos demais (v. 29), pois, “Deus não é Deus de confusão, mas de paz (v. 33).

 

DOM DE SABEDORIA: (ou palavra de sabedoria)

 

- Dom de sabedoria? Nos revela o diagnóstico, a causa, a raiz do problema (uma situação, um fato).

- Dom de sabedoria? Segue o dom de ciência. Nos revela o tratamento, como agir a partir do que nos foi revelado pelo dom de ciência.

Pela palavra de ciência, Deus revela a raiz de algo que se passa ou que se passou. Pela palavra de sabedoria, Deus nos revela como agir, como por em prática a palavra de ciência, como proceder. Pode se manifestar por meio de uma palavra oral, por uma palavra escrita, por uma visão, por uma sensação, emoção ou sonho.

O Dom de sabedoria é um dom carismático do Espírito Santo, dom gratuito de Deus, que dá a graça ao homem, inspira o homem, a saber, como deve ser o seu comportamento em cada situação, em cada vez que tem que resolver um fato ou um problema. Inspira o homem como agir e falar inteligentemente situações concretas da sua vida ou da sua comunidade, levando-o a decidir acertadamente e de acordo com a vontade de Deus no dia-a-dia, no matrimônio, no trabalho, na educação dos filhos, nos relacionamentos com os irmãos e na sua vida cristã. É uma orientação de Deus sobre como se viver cristãmente (Lc 18,18-30). Também nos leva a ensinar ou explicar verdades religiosas.

Portanto, a palavra de sabedoria é uma palavra, atitude ou ação que faz que os acontecimentos passem a decorrer segundo a vontade de Deus, ou ainda, que as pessoas percebam a verdade que antes não conheciam.

 

Exemplos de palavra de sabedoria nas Escrituras Sagradas.


- I Rs 3,16-28 - A palavra de sabedoria do rei Salomão: “cortai pelo meio o menino vivo e dai a metade a uma e a metade a outra”, fez que a verdadeira mãe renunciasse ao seu filho, pois não queria vê-lo morto e assim foi descoberto a verdade e a justiça.

- Mt 22,15-22 - “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Jesus encontrava-se numa situação embaraçosa, pois se dissesse que pagassem o imposto a César seria tido como traidor dos judeus, se dissesse que não pagassem, seria tido como insuflador do povo contra os romanos. Seria preso em ambos os casos. O poder do Espírito Santo pela palavra de sabedoria, livrou Jesus da prisão e calou a boca do povo.

- Jo 8,1-11 - A mulher adúltera. A lei protegia os que apedrejavam e condenavam a mulher à morte, Jesus pela palavra de sabedoria: “Quem de vós estiver sem pecado, seja o 1º a lhe atirar uma pedra”. Sentindo-se acusados pela própria consciência, os acusadores foram-se retirando um por um. A palavra de sabedoria conduz o procedimento do homem em cada situação. É um dom de orientação. Através dela, descobrimos o plano de Deus para a nossa própria vida, para a vida de uma outra pessoa ou comunidade.

 

DOM DE CURA:

 

O Dom de cura foi um dos dons plenamente vivenciados por Jesus durante o seu ministério terreno. Esse dom que foi tão abundantemente em Jesus, na sua vida, na sua missão e na revelação de sua identidade divina, é dom do Espírito santo que recebemos no Batismo e deseja ser manifesto em nossa vida e missão, confirmando com sinais nosso testemunho e pregação.

Para que o dom de cura se manifeste, basta que haja um enfermo e um irmão cheio de compaixão que ore para que ele seja curado. Todos possuem o dom de cura, o problema é que nem todos o fortalecem, pelo pedido constante ao Espírito Santo e pelo exercício de orar pelos enfermos. O fato é que, quanto mais nós pomos ao serviço, mais os carismas se manifestam.

 

MODALIDADES DO DOM DE CURA:

 

Dom das curas se manifesta de 3 formas. Tomando-se por base as 3 dimensões do homem: corpo, alma e espírito (I Ts 5,23), compreendemos que este mesmo homem pode ser atingido por enfermidades em suas 3 dimensões. Existem os males físicos, os males da alma (interiores) e os males espirituais. Se somos atingidos em nosso corpo por qualquer enfermidade, necessitamos de uma cura física. Se somos atingidos em qualquer área da nossa alma, necessitamos de uma prece para cura interior. Se somos atingidos em nosso espírito, contaminando-nos com falsas doutrinas e afastando-se da sã doutrina da salvação, precisamos de uma oração para cura espiritual ou oração de libertação.

 

A oração para cura física:

 

Orar por cura física, supõe clamar o poder do amor misericordioso de Deus sobre todos os tipos de enfermidades, desde uma simples dor de cabeça, até a cura do câncer e da AIDS. Devemos orar em nome de Jesus, tomando por base a passagem de Is 53,1-6. Deus cura pelos méritos de Jesus Cristo e não porque sabemos orar, temos experiências ou somos santos.

Existem algumas medidas bem simples que fazem parte desta oração para cura física: conhecer a causa da enfermidade, o diagnóstico médico; a imposição das mãos; abrir-se aos carismas; Oração de autoridade - orar em nome de Jesus.

 

Oração para cura interior:

 

Na cura interior, atinge-se o coração dolorido do ser humano, tão marcado pelo pecado, pela dor, pelo medo, pelas feridas da vida. A medicina comprova que um grande número de doenças físicas tem componentes emocionais. Orar pela cura interior, é tirar do caminho esses componentes emocionais, que são prejudiciais, a fim de que o homem seja livre pela ação do Espírito Santo para melhor servir a Deus. Os psicólogos comparam a mente humana com um “iceberg”. A parte externa do iceberg que aparece sobre a água é 10% e 90% está imersa na água. Comparando com a nossa mente, a parte externa é a nossa mente consciente e a parte submersa é a nossa mente inconsciente.

É em nossa mente inconsciente que estão guardadas as lembranças humanas mais profundas. Aí são armazenados nossos traumas, medos, lembranças, sentimentos reprimidos, etc. Jesus veio para curar os corações doloridos e as lembranças de maneira particular.

A oração para a cura espiritual: Chamada também de “oração de libertação”. É um processo de orações em nome de Jesus Cristo, que liberta as pessoas cativas em seu espírito, quando são oprimidas por espíritos malignos. Para orarmos por libertação, basta que conheçamos o problema da pessoa atribulada e saibamos como e por que ela se encontra naquele estado. Ordenar que toda força maligna, retire-se da vida desta pessoa em obediência ao nome de Jesus Cristo, para que ela fique livre para o seu serviço e o seu louvor.

 

DOM DA FÉ:

 

O dom carismático da fé é o poder de Deus que nos move a uma confiança íntima com que Deus agirá. Essa confiança leva a uma oração convicta, a uma decisão, a uma firmeza ou a algum outro ato que libera a benção de Deus. Através do dom carismático da fé, o Espírito Santo nos dá a certeza de que Deus agirá, de que o poder de Deus irá intervir em alguma situação da vida do homem. Pelo dom carismático da fé, cremos que Deus opera hoje maravilhas em favor do seu povo. A fé move a manifestação do poder de Deus através do seu Espírito Santo. “Se creres, verás a glória de Deus” (Jo 11,40). É a fé que faz o homem de todos os tempos verem a glória de Deus.

A virgem Maria realiza da maneira mais perfeita à obediência a fé. Na fé, Maria acolheu o anúncio e a promessa trazida pelo anjo. Maria não cessou de crer no “cumprimento” da Palavra de Deus. Por isso, a Igreja venera em Maria a realização mais pura da fé. (Cat.149)

É a esta fé de Maria, de Abraão, de Moisés e outras testemunhas da fé que devemos aderir de todo o nosso coração, para que esta mesma fé nos ilumine e nos conduza nos momentos da provação.

 

DOM DOS MILAGRES:

 

É o poder de Deus de intervir em determinada situação em relação à natureza, à saúde e à vida. São fenômenos sobrenaturais realizados por Deus, com a finalidade de que os homens conheçam a sua glória, o seu poder e se convertam. Através dos milagres, o homem tem uma experiência concreta do amor de Deus por ele e da sua presença concreta na sua vida, na vida dos seus irmãos e no mundo.

O dom de milagres é a ação do Espírito Santo que, para o bem de alguém, modifica o curso normal da natureza: O milagre é uma intervenção clara, sensível e visível de Deus no discurso “ordinário” ou “normal” dos acontecimentos: curas instantâneas de doenças incuráveis, ressurreição dos mortos, fenômenos extraordinários da natureza.

Distinguir o milagre da cura: a cura é quando Deus acelera o processo de cura que se poderia conseguir através de meios naturais como uma cirurgia, remédios, repousos, etc. O milagre é quando se trata de uma cura que nenhuma ciência médica poderia realizar e que Deus realiza. Os milagres são intervenções de Deus, diretamente Dele, na natureza do homem, ou na ordem da criação. Os milagres provam o poder de Deus agindo na vida dos homens, levando-os a uma fé sempre mais crescente.

 

Alguns milagres no Antigo Testamento:

 

- Êx 14 - passagem do Mar Vermelho;

- Nm 17,16-26 - episódio da vara de Aarão que floresce;

- Js 3, 14-17 - Josué e seu povo atravessaram o rio Jordão a pé enxuto;

- I Rs 17,16 - multiplicação da farinha e do azeite que havia prometido a Elias.

 

Alguns milagres no N.T.:

 

- Lc 13,10 - mulher que vivia encurvada 18 anos;

- Lc 18,35 - cego em Jericó;

- Mt 9,1 - paralítico em Cafarnaum;

- Mt 15, 29-31 - aleijados, coxos, cegos eram curados;

- Jo 2,11 - Bodas de Caná.

 

Precisamos acreditar neste dom de milagres no coração da Igreja. Por meio dele, poderemos de forma mais convincente, publicar as “maravilhas de Deus”, hoje e sempre.

 

DOM DOS DISCERNIMENTOS DOS ESPÍRITOS:

 

O Dom dos discernimentos dos espíritos é uma graça que provém da presença do Espírito Santo em nós. Nossa unidade com Ele, nossa intimidade com Ele em oração. Da mesma forma que nos dá palavras de sabedoria, ciência, cura...,etc, dá-nos igualmente o dom do discernimento dos espíritos. Dom espiritual que nos permite discernir, examinar, nas outras pessoas, na comunidade o que é Deus, o que é da natureza ou o que é do maligno.

Este dom permite-nos identificar qual espírito está impulsionando ou está influenciando uma ação, uma situação, um desejo, uma decisão a tomar, algo que nos digam ou ofereçam. Como todo dom espiritual, ele está em interação com os outros carismas e é necessário para a nossa vida diária, nossa vida de oração e para o nosso apostolado.

Em Gn 3,1-7, Eva não percebeu que quem lhe falava era o maligno, pois não parou para discernir quem lhe falava e se era de Deus; iludida pelo inimigo, acabou por cometer o pecado de origem de toda humanidade.

Deus respeita a nossa liberdade e respeitou a liberdade de Eva em desobedecer-lhe e pecar. Deve ter sido uma imensa dor para Deus assistir Eva sendo enganada. São João da Cruz nos ensina que nossa alma tem 3 grandes inimigos: o mundo, o demônio e a nossa carne; inimigos a fazerem guerra e dificultarem o caminho que a nossa alma deseja trilhar até Deus. É necessário, portanto, o exercício do dom do discernimento dos espíritos, um dos canais de que Deus se utiliza para nos ajudar a vencer esses grandes inimigos, que tentam nos confundir na busca de conhecer e viver a vontade de Deus.

É preciso orar e ter uma vida de constante louvor e de unidade com a Palavra de Deus e os sacramentos da Igreja. Desta forma, nos tornamos pessoas profundamente unidas e dóceis às moções do Espírito para que não nos deixemos ser ludibriados. Jesus nos ensinou: “vigiai e orai, para não cairdes em tentação”. Este estado de alerta, confiante na misericórdia de Deus, nos vem do louvor constante, da oração diária, do estudo da Palavra de Deus, nos vem do louvor constante, da oração diária, do estudo da Palavra de Deus, da obediência à Igreja, da freqüência aos sacramentos e da amizade com MARIA. Estando sempre alertas, saberemos se algo vem da vontade de Deus, do inimigo, ou da nossa carne.

 

O Dom do discernimento dos espíritos no N.T.:

 

- Mt 16,16 - “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!”. Jesus glorificou o Pai, porque Ele discerniu que quem havia revelado a Pedro que Ele era, foi o Pai. Jesus concluiu que a resposta não tinha vindo da humanidade de Pedro, pois “sem a graça”, ninguém podia dizer que Ele era o Messias.

- Mt 16,22 - “Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá”. A falta de fé, o desejo de agradar, o medo, deram entrada a satanás no pensamento e sentimento de Pedro. Jesus discerniu que o que Pedro dissera, vinha do maligno.

- Lc 4,1-13 - Jesus discerniu que as sugestões que lhe vinham na tentação do deserto, não lhe vinham de Deus, nem Dele, mas do maligno para estragar o plano do Pai.

O Espírito Santo unge os batizados com a mesma unção espiritual de Jesus.

Através do batismo todos os homens são regenerados para a vida dos filhos de Deus, unidos a Jesus Cristo e ao seu corpo que é a Igreja e são ungidos pelo Espírito Santo, tornando-se templo espirituais (C. L. 10) "Foi num só Espírito que todos nós fomos batizados a fim de formarmos um só um corpo" (I Cor 12, 13).Portanto todos os batizados vivenciam a "unidade misteriosa com Jesus entre si" (cf. Jo 17, 21), todos somos ramos de uma única videira, Jesus Cristo. Além de desfrutarmos pelo batismo da unidade com O Cristo e com os irmãos, nos tornamos "pedras vivas" edificados sobre Cristo, "Pedra angular", destinada a construção de um edifício espiritual (I Pd 2, 4ss). O Espírito Santo então unge o batizado e com esta unção espiritual e ele pode repetir e assumir para si as palavras de Jesus: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu; enviou-me para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para por em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor" (Lc 4, 18-19), porque a efusão batismal e crismal torna o batizado participante do tríplice múnus sacerdotal, profético e real de Jesus Cristo, enquanto membros da Igreja (C. L. 13s). Isto vem nos certificar que os batizados são configurados em Jesus Cristo (Fil 3, 21) de uma forma total, inclusive em todas as suas atividades (cf. Rm 12, 1s). Jesus mesmo disse: "Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crer em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas: porque vou para junto do Pai" (Jo 14, 12).